O
comunicador e empresário
estava internado em SP com
broncopneumonia. O dono do SBT
deixa mulher, seis filhas, 14
netos e quatro bisnetos
Silvio
Santos morreu aos 93 anos,
no sábado, 17/8, em São
Paulo, em decorrência de uma
broncopneumonia após
infecção por influenza A
(H1N1).
Silvio
foi o nome mais importante do
entretenimento da televisão
brasileira, em especial à
frente do Programa Silvio
Santos, que comandou a partir
de 1963. Foi, também, dono de
um conglomerado bilionário
criador de marcas como Jequiti,
Tele Sena e Baú da Felicidade
- além das emissoras TVS e
SBT.
Em
julho, Silvio foi internado no
Hospital Albert Einstein, na
capital paulista, para se
recuperar do H1N1. Teve alta
dois dias depois. Em 1º de
agosto do mesmo ano, voltou a
ser hospitalizado.
Silvio
faleceu às 4h50 deste sábado
(17), segundo o hospital. O
apresentador deixa a viúva
Íris Abravanel, com quem era
casado desde 1978, seis filhas
- Daniela, Patrícia, Rebeca e
Renata, do casamento com
Íris; e Cíntia e Silvia, do
primeiro casamento, com
Cidinha, que morreu em 1977 -,
14 netos e 4 bisnetos.
Não
haverá velório - apenas uma
cerimônia judaica para
família e amigos mais
próximos, em um cemitério
israelita, a pedido do
apresentador.
Senor
Abravanel - nome de batismo de
Silvio Santos - nasceu em 12
de dezembro de 1930, no bairro
da Lapa, no Rio de Janeiro.
Seus pais, Alberto e Rebeca
(nome que foi dado uma das
filhas do apresentador), eram
imigrantes de origem judaica.
Foi o mais velho de cinco
irmãos.
Silvio
estudou contabilidade e, no
tempo livre, trabalhou como
camelô nas ruas do Rio de
Janeiro, vendendo canetas e
outros itens, como capas de
plástico para títulos de
eleitor na eleição de 1946.
Usava a voz também para fazer
pequenos trabalhos em uma
rádio.
Aos
18 anos, em 1948, serviu o
Exército na Escola de
Paraquedistas. Aos domingos,
trabalhava no rádio e, a
deixar a Força, seguiu com os
serviços de locução,
fazendo, entre outras coisas,
anúncios com uma caixa de som
na barca liga Rio e Niterói.
Em
1954, já em São Paulo,
Silvio assinou o primeiro
contrato fixo como locutor, na
Rádio Nacional. Depois, foi
chamado pelo empresário e
radialista Manuel de Nóbrega
para ser animador de seu
programa.
Na
época, Manoel da Nóbrega era
dono do Baú da Felicidade,
que vendia brinquedos a prazo.
Silvio assumiu a empresa em
1958 e, no ano seguinte,
passou a fazer shows em circos
para vender os populares
carnês. Era o início do
Grupo Silvio Santos (leia mais
sobre a trajetória
empresarial do apresentador
aqui).
Também
em 1959, Silvio estreia na TV,
com o programa Audições, na
TV Paulista (canal 5), onde
comandou ainda programas como
Hit Parade, Quando Maestros Se
Encontram e O Grande
Espetáculo. O primeiro
programa autoral foi Vamos
Brincar de Forca, usado para
alavancar as vendas do carnê
do Baú.
O
Programa Silvio Santos, o
maior entre os criados pelo
apresentador, surgiria em
1963. Em 1965, o programa
passou a ser transmitido pela
TV Globo, após a compra da TV
Paulista - inicialmente para
São Paulo e, depois, para
todo o país.
Ao
mesmo tempo, Silvio
apresentava programas - “Festa
dos Sinos", "Sua
Majestade: o Ibope",
"Cidade contra
Cidade" e "Silvio
Santos Diferente" em
outra emissora, a TV Tupi.
Silvio
adquiriu seu próprio canal de
televisão 1975 - o Canal 11,
do Rio de Janeiro. No ano
seguinte, inauguraria a TVS e
deixaria a Globo.
Silvio
ganhou outras concessões e,
em 1981, entrou no ar o SBT,
da qual o Programa Silvio
Santos era a principal
atração, com quadros
inesquecíveis como Domingo no
Parque, Qual é a Música,
Show de Calouros e Porta da
Esperança.
Com
carisma, bordões - “Vem pra
cá, vem pra cá” e “Quem
quer dinheiro?” - e domínio
absoluto da plateia, Silvio
chegava a fazer o programa
durar mais de dez horas.
Silvio
também fez sucesso cantando
marchinhas de carnaval, como
Coração Corintiano e A Pipa
do Vovô, registradas em
álbuns entre os anos 1970 e
1990 e, em fevereiro 2001, foi
homenageado no Carnaval do Rio
pela escola de samba
Tradição, com o enredo O
Sorriso do Patrão.
Em
1989, Silvio Santos anunciou,
duas semanas antes do primeiro
turno da eleição, que seria
candidato a presidente da
República pelo Partido
Municipalista Brasileiro (PMB),
logo depois extino.
Partidos
adversários contestaram, e a
candidatura foi barrada pelo
Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) em 9 de novembro.
A
entrada do apresentador agitou
o processo eleitoral daquele
ano. Dono de um rosto
conhecido pelos brasileiros,
Silvio figurou bem nas
pesquisas eleitorais, chegando
a alcançar 30% das
intenções de voto nas
sondagens, de acordo com
informações do TSE.
Em
agosto de 2001, Patrícia
Abravanel, filha de Silvio,
ficou sequestrada por 7 dias.
Após
a libertação, dois dos
sequestradores foram presos.
Um terceiro, Fernando Dutra
Pinto, e sua namorada,
conhecida como Jenifer,
fugiram com o dinheiro do
resgate. A polícia de São
Paulo iniciou uma caçada ao
bandido, que chegou a ser
localizado em um hotel em
Alphaville, que conseguiu
escapar após matar 2 agentes.
Fernando,
pouco depois, invadiu a casa
de Silvio Santos e fez o
apresentador refém por sete
horas. O sequestro só chegou
ao fim após o governador de
São Paulo à época, Geraldo
Alckmin, ir até o local e
negociar com o bandido, que se
entregou.
Em
dezembro de 2020, Silvio
Santos comemorou 90 anos sem
celebrações públicas,
isolado por conta da pandemia,
ao lado das filhas.
No
dia 1º agosto de 2021, já
vacinado com duas doses,
Silvio voltou a apresentar seu
programa. Semanas depois,
contraiu Covid-19 e foi
internado, mas se recuperou e
voltou a gravar o programa,
embora não no ritmo de antes.
Ao
som da música de abertura, o
apresentador entrou alegre,
dizendo “Para tudo, já
estou aqui. Já
cheguei!".
Foi
a primeira brincadeira de
muitas que ainda divertiriam o
público. Seria a última
edição do programa gravada
pelo apresentador.
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